sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

Brainstorming... Altura em que digo SOCORRO!!

Que "tempestade mental" anda aqui por estes lados...

Faço opções a pensar que serão as melhores para mim, aquelas com as quais penso acarretar menos custos pessoais e profissionais, quando depois, se revela tudo ao contrário.

Opto por não ter nenhum parceiro... porque segundo eu, não vou ter o tempo que ele merece!

Afasto-me do meio, para evitar conhecer mais pessoas, com o intuito de não me desiludir ainda mais com elas...

Sobrecarrego-me com trabalho para compensar aquilo que não tenho na minha vida pessoal... porque faço o que gosto... conclusão... estou carregado com trabalho, não consigo seleccionar as prioridades, não consigo responder às solicitações dos amigos... estou a chegar ao chamado abismo mental... em que nem avanço nem regrido... estagnei...

Muito me obriga a pensar que rumo quero seguir, é isto que quero para mim? é desta forma que vou ser feliz? Penso que o tempo responderá as estas questões, mas se responder de forma inesperada? Não será tarde de mais para alterar o rumo das coisas...

Mas também do que serve a entrega, já nada é verdadeiro e honesto, ja nada se faz com coragem, assumindo o risco, o medo, os desafios... e isso para mim é estar estgando... assim sendo, prefiro estagnar sozinho.

Caramba... quem me dera que pudéssemos ter duas vidas... a primeira um ESQUISSO da segunda.

A este propósito, dos amores, paixões, amizades, Coloco aqui um Texto de Miguel Esteves Cardoso... "Quero fazer o elogio ao amor puro." É longo mas vale a pena, mesmo!

“Quero fazer o elogio ao amor puro...parece-me que já ninguém se apaixona de verdade. Já ninguém quer viver um amor impossível. Já ninguém aceita amar sem uma razão. Hoje as pessoas apaixonam-se por uma questão de prática. Porque dá jeito. Porque são colegas e estão ali mesmo ao lado. Porque se dão bem e não se chateiam muito. Porque faz sentido. Porque é mais barato, por causa da casa. Por causa da cama. Por causa das cuecas e das calças e das contas da lavandaria. Hoje em dia as pessoas fazem contratos pré-nupciais, discutem tudo de antemão, fazem planos e à mínima merdinha entram logo em "diálogo". O amor passou a ser passível de ser combinado. Os amantes tornaram-se sócios. Reúnem-se, discutem problemas, tomam decisões. O amor transformou-se numa variante psico-sócio-bio-ecológica de camaradagem. A paixão, que devia ser desmedida, é na medida do possível. O amor tornou-se uma questão prática. O resultado é que as pessoas, em vez de se apaixonarem de verdade, ficam "praticamente" apaixonadas. Eu quero fazer o elogio do amor puro, do amor cego, do amor estúpido, do amor doente, do único amor verdadeiro que há, estou farto de conversas, farto de compreensões, farto de conveniências de serviço. Nunca vi namorados tão embrutecidos, tão cobardes e tão comodistas como os de hoje. Incapazes de um gesto largo, de correr um risco, de um rasgo de ousadia, são uma raça de telefoneiros e capangas de cantina, malta do "tá tudo bem, tudo bem", tomadores de bicas, alcançadores de compromissos, bananóides, borra-botas, matadores do romance, romanticidas. Já ninguém se apaixona? Já ninguém aceita a paixão pura, a saudade sem fim, a tristeza, o desequilíbrio, o medo, o custo, o amor, a doença que é como um cancro a comer-nos o coração e que nos canta no peito ao mesmo tempo? O amor é uma coisa, a vida é outra. O amor não é para ser uma ajudinha. Não é para ser o alívio, o repouso, o intervalo, a pancadinha nas costas, a pausa que refresca, o pronto-socorro da tortuosa estrada da vida, o nosso "dá lá um jeitinho sentimental". Odeio esta mania contemporânea por sopas e descanso. Odeio os novos casalinhos. Para onde quer que se olhe, já não se vê romance, gritaria, maluquice, facada, abraços, flores. O amor fechou a loja. Foi trespassada ao pessoal da pantufa e da serenidade. Amor é amor. É essa beleza. É esse perigo. O nosso amor não é para nos compreender, não é para nos ajudar, não é para nos fazer felizes. Tanto pode como não pode. Tanto faz. É uma questão de azar. O nosso amor não é para nos amar, para nos levar de repente ao céu, a tempo ainda de apanhar um bocadinho de inferno aberto. O amor é uma coisa, a vida é outra. A vida às vezes mata o amor. A "vidinha" é uma convivência assassina. O amor puro não é um meio, não é um fim, não é um princípio, não é um destino. O amor puro é uma condição. Tem tanto a ver com a vida de cada um como o clima. O amor não se percebe. Não dá para perceber. O amor é um estado de quem se sente. O amor é a nossa alma. É a nossa alma a desatar. A desatar a correr atrás do que não sabe, não apanha, não larga, não compreende. O amor é uma verdade. É por isso que a ilusão é necessária. A ilusão é bonita, não faz mal. Que se invente e minta e sonhe o que quiser. O amor é uma coisa, a vida é outra. A realidade pode matar, o amor é mais bonito que a vida. A vida que se lixe. Num momento, num olhar, o coração apanha-se para sempre. Ama-se alguém. Por muito longe, por muito difícil, por muito desesperadamente. O coração guarda o que se nos escapa das mãos. E durante o dia e durante a vida, quando não esta lá quem se ama, não é ela que nos acompanha - é o nosso amor, o amor que se lhe tem. Não é para perceber. É sinal de amor puro não se perceber, amar e não se ter, querer e não guardar a esperança, doer sem ficar magoado, viver sozinho, triste, mas mais acompanhado de quem vive feliz. Não se pode ceder. Não se pode resistir. A vida é uma coisa, o amor é outra. A vida dura a vida inteira, o amor não.”


Miguel Esteves Cardoso, um dos meus favoritos!

BeIjInHoS


2 comentários:

Kokas disse...

Que queres que te diga?
Já falámos sobre isto. Não tanto como deviamos, mas falámos. E depois? Depois chegou a tempestade ao litoral alentejano e a conversa ficou a meio.

Já sabes o que penso. Decidiste construir uma muralha porque vives convencido de que "nesta vidinha" são "todos iguais".É cómodo. Sabes que discordo. Sabes que é absurdo. Sabes bem que chega a ser presunçoso acharmos que somos a última coca-cola do deserto.

«Mas também do que serve a entrega, já nada é verdadeiro e honesto, ja nada se faz com coragem, assumindo o risco, o medo, os desafios... e isso para mim é estar estgando... »
Li e reli este parágrafo e dou por mim a imaginar que tipo de pessoas têm cruzado a tua vida. Dou por mim a achar que sou um sortudo. Dou por mim a achar, qualquer dia, que sou de facto a última coca-cola do deserto!

...

Aquele abr.... beijo!

paulo disse...

Vai por pontos que é mais bonito (quero dizer rápido):

1) fiquei completamente à toa com o comentário do Kokas.

2) Ok, os meninos já se conhecem. Nós não, mas fiquei curioso com o facto de onde vem a simpatia pelo felizes juntos... já sei, tenho de investigar.

3) as tempestades mentais podem ser boas e muito distantes da estagnação.

4) ter um parceiro ou ter vários é opção, AG? Eu sempre optei mais pela estabilidade. Por encontrar um porto seguro, longe de tempestades. Nem sempre foi possível, mas quando apareceu a oportunidade, agarrei-a (um pouco sem saber o que seria o futuro, mas nunca sabemos como será o futuro, portanto, o melhor é arriscar mesmo).

5) O tempo arranja-se entre o dia que começa ou acaba.

6) Devemo-nos sobrecarregar com outras coisas além do trabalho! Isso é fugir com o rabo à seringa (ou a outra coisa qualquer, ipods é que não, please! Melhor: com os ipods é que nem se deve pôr a questão de fugir, porque não tem nada a ver)

7) O rumo a seguir? Nunca sei qualquer será o rumo. Acho que cada um deve procurar o seu. Em caso de ficar à toa no deserto e sem coca-cola, o melhor é pedir uns conselhos. Pode ser que ajude e que apareça a coca-cola.

8) Também sou adepto do "mais vale só que mal acompanhado", mas nem toda a gente é de deitar fora, assim logo à partida. Às vezes é preciso descomplexificar. E se quiseres podemos trocar umas palavras sobre este assunto.

9) Um vida já é complicado, duas seria impossível.

10) Chegado ao texto do MEC, acho que percebi o teu "drama". Assim de repente, não sei muito mais o que te diga, mas acredito mesmo que nem toda a gente se apaixona porque dá jeito ou porque não quer viver um amor impossível. Gostei dos sublinhados e do texto que escolheste. Como te disse, posso ter mais umas palavras para trocar sobre o assunto :)
um abraço